Vidas Secas

Vidas Secas 

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Foi o único filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais em uma cinemateca. Neste filme fica perceptível a influência marcante do neo-realismo italiano na obra do diretor Nelson Pereira dos Santos.

Sinopse

Pressionados pela seca, uma família de retirantes composta por Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia, atravessam o sertão em busca de meios para sobreviver.




Narrativa econômica, poucos diálogos, longos planos-seqüência: retrato perfeito da dor de uma família de retirantes
Uma paisagem seca. Terra esturricada, vegetação rasteira, uma árvore desfolhada à direita, céu branco, explosão de sol. Um rangido fino e insistente parece, lentamente, se aproximar. De repente, um cachorro aparece na linha do horizonte. Longe, bem longe. Depois do animal, quatro pessoas caminhando em direção à câmera. O ruído irritante se avoluma, e só então é possível distinguir a sua origem – as rodas enferrujadas do velho carro-de-boi que a família de retirantes, liderada pelo vaqueiro Fabiano, usa para transportar a mudança. O lento e silencioso plano-seqüência que abre “Vidas Secas” (Brasil, 1963) funciona como um manifesto de intenções. Este é um filme duro, seco e quente sobre o drama da pobreza no sertão nordestino.
Quando lançada, em 1963, a obra-prima de Nélson Pereira dos Santos causou furor internacional. Exibindo grande influência do neo-realismo italiano, o filme impressionou os críticos porque propunha um retrato naturalista da seca, sem retoques ou maquiagens, sem resquícios de melodrama. Um retrato 100% coerente com a prosa econômica e substantiva do livro de Graciliano Ramos, em que o filme se baseava. O tratamento do som, com poucos diálogos e atenção absoluta para os ruídos do ambiente, deixou marcas profundas na estética do cinema mais independente que se desenvolvia à margem dos grandes estúdios. Ao longo dos anos, a fama de “Vidas Secas” só fez crescer. Qualquer bom conhecedor de cinema sabe que se trata de uma obra seminal na cinematografia nacional.
Um dos elementos mais impressionantes é a fidelidade canina que Nélson Pereira dos Santos conseguiu manter para com a estética de Graciliano Ramos. O escritor não gostava de adjetivos, evitava diálogos e adotava um estilo subjetivo, narrando a história através dos pensamentos dos personagens. Descobrir a maneira certa de transpor uma narrativa assim foi um desafio vencido com sucesso. Pereira dos Santos não inventou diálogos nem acrescentou narração em off. Filmou tudo em longos e silenciosos planos-seqüência, enfatizando a vagareza do tempo, o calor, a lenta agonia vivida pelos personagens sempre em trânsito, procurando uma sombra ou um lugar melhor para viver. O êxodo rural, com os trabalhadores miseráveis fugindo da seca e da fome que ela gera, jamais ganhou um retrato tão duro e acurado.
Filmar desta maneira significava uma atenção especial para a fotografia, e o resultado alcançado por Luiz Carlos Barreto é antológico. Abolindo filtros e iluminação artificiais, ele filmou com luz estourada, o sol refletindo diretamente dentro da câmera. O resultado é a abundância de brancos, a ausência de sombras, um céu branco de rigidez implacável. Este padrão estético reproduzia com fidelidade a luz do sol inclemente do sertão, mas ia contra todas as regras do cinema mainstream – quase todos os filmes norte-americanos, por exemplo, utilizam uma luz mais expressionista, baseada em contrastes mais fortes e jogando com as sombras como elemento narrativo. Muitas obras que vieram depois, como o pernambucano “Cinema, Aspirinas e Urubus”, beberam desta fonte.
Além disso, embora apareça com menos destaque no filme do que no livro, a cachorra Baleia – considerada a personagem de maior empatia da história – ganha um tratamento original. Companheira fiel, que mata a fome da mulher e dos dois filhos do vaqueiro Fabiano (Átila Iório) caçando preás, o animal ganha uma morte alegórica filmada com beleza, mas sem sentimentalismo, por Nélson Pereira dos Santos. Única seqüência em que foge da narrativa naturalista, a cena é apresentada do ponto de vista subjetivo da cadela agonizante, que delira com uma abundância de preás inexistente na terra esturricada do sertão. Não por acaso, é o clímax do filme, o grande momento de exceção que interrompe a rotina extenuante da família, sempre fugindo da desgraça.
A situação deste clássico do cinema brasileiro no mercado de home video é exemplo perfeito do descaso nacional para com o passado cultural do país. “Vidas Secas” nunca foi lançado em DVD por aqui, podendo ser encontrado apenas em VHS, nas locadoras mais antigas, ou em retrospectivas televisivas. Curiosamente, é possível encontrar o DVD do filme nos Estados Unidos, em uma edição bem decente, com imagens restauradas (fullscreen 3:4, o formato original) e bom áudio (Dolby Digital 2.0). O professor de Cinema Robert Stam, um especialista em filmes brasileiros, dá um depoimento (12 minutos) analisando o filme, há um curta-metragem raro sobre a morte da cachorra Baleia (20 minutos), e um encarte de seis páginas contendo uma entrevista com Pereira dos Santos.
- Vidas Secas (Brasil, 1963)
Direção: Nélson Pereira dos Santos
Elenco: Átila Iório, Maria Ribeiro, Jofre Soares, Orlando Macedo
Duração: 100 minutos
 


Preguiça X disciplina: quem domina quem?


Preguiça X disciplina: quem domina quem?
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Eugenio Mussak

Preguiça é normal. Só deixa de ser quando não é controlada, e então dá de dez a zero nas decisões. Mas há uma alternativa, uma luz no final deste preguiçoso túnel: a disciplina - conceito fácil de entender e dificílimo de implementar. Ter disciplina pessoal significa decidir o que deve ser feito, e fazer. E isso não pode depender da vontade daquele momento. Tem que depender da decisão que foi tomada anteriormente, porque a vontade é emocional, enquanto a decisão é racional. E o comandante tem que ser o racional, pois ele é quem tem o discernimento sobre o que é bom e o que não é bom. O emocional só sabe diferenciar o agradável do desagradável, o que não serve como critério para as grandes decisões.
Devemos considerar que na vida interagem fenômenos complementares: o sentimento, o pensamento e a atitude. Os três são inseparáveis, no entanto, pode variar a ordem em que eles se apresentam. Há três possibilidades: se o sentimento vem antes, é porque você fica esperando a vontade chegar, aí você pensa o que é que tem que fazer para atendê-la, e só então toma a atitude. Assim vivem as pessoas que não realizam muito na vida. Não fazem o que têm de fazer e depois dizem que não fizeram porque não estavam com vontade.
No segundo caso, você coloca o pensamento na frente, e se ele for consistente, tiver qualidade, será capaz de gerar sentimento. Esse sentimento chama-se motivação, que é o grande motor propulsor do trabalho e da realização. Por isso temos que ter qualidade de pensamento. É isso mesmo, você pode controlar os pensamentos que irão gerar sentimentos e atitudes.
E no terceiro caso você pensa no que é bom para você e faz. Não fica esperando a "vontadinha" chegar, porque ela talvez não chegue nunca, e a preguiça ganha a batalha.
A notícia boa é que a vontade sempre chega, em geral depois que começamos a fazer o que tem de ser feito. Você já reparou que você não tem vontade de ir à academia, por exemplo, mas depois que está lá você se sente bem? O que acontece é que a ação precedeu o sentimento, e isso foi mediado pelo pensamento. Legal, né?
Não esqueça que a indisciplina dispersa energia; a disciplina condensa. Ser disciplinado significa obedecer às ordens que você dá a si mesmo. Só que para isso, você tem de dar as ordens certas, caso contrário, o mundo começa a se meter na sua vida. E isso é uma coisa que você não quer, não é mesmo? Nem na sua pessoal, nem na sua carreira profissional que, aliás, depende essencialmente de você mesmo, e de sua disciplina, claro.

Palestra O Papel da Mulher na Atualidade

Porque no dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Objetivo:Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
8 de março: Dia da Mulher
Não deixe passar em branco esta data tão significativa:
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voltados para o Papel da Mulher na atualidade. Algumas sugestões de Palestras:
 
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TPM - Tendência Para Matar - ou coisas que só acontecem com as mulheres.
A Bela Adormecida Acordou - a trajetória das mulheres que passaram do século XX para o XXI.
Nelma Penteado
O segredo da borboleta.
Rosana Braga
10 ferramentas estratégicas para a mulher empreendedora.
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Mulher - suas dores e seus amores.

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A mulher no mundo atual.
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Contar carneirinhos não ajuda a combater insônia, diz estudo

Contar carneirinhos não ajuda a combater insônia, diz estudo


Por Anahad O'Connor

The New York Times


A afirmação

Contar carneirinhos ajuda a cair no sono.

Os fatos

O motivo pelo qual as pessoas contam carneirinhos, em vez de passarinhos ou veleiros, é incerto; algumas autoridades acham que isso pode ter a ver com um sistema de cálculo criado por pastores na antiga Bretanha.

Porém, não há dúvidas que a frase se incorporou à linguagem. E seu significado é bem claro – a monotonia da tarefa deveria embalar seu sono.

Mas será que funciona? Cientistas da Universidade de Oxford fizeram o teste. Em seu estudo, que aparece no jornal Behavior Research and Therapy, dois pesquisadores recrutaram pessoas que sofrem de insônia e as separaram em dois grupos. Depois as monitoraram enquanto as pessoas tentavam técnicas diferentes para adormecer em várias noites.

Os pesquisadores descobriram que os participantes demoravam um pouco mais para adormecer nas noites em que foram instruídos a se distrair contando carneirinhos ou não receberam instrução alguma. No entanto, quando os participantes foram instruídos a imaginar um cenário relaxante – uma praia, por exemplo –, eles adormeceram em média 20 minutos antes do que em outras noites. Contar carneirinhos, como sugeriram os cientistas, pode simplesmente ser algo tedioso demais para se fazer por muito tempo, enquanto imagens de uma orla tranquila ou uma corrente de água serena são algo atraente o suficiente para nos mantermos concentrados.

Em outros estudos de Oxford, cientistas compararam pessoas que dormem “bem” com pessoas que sofrem de insônia, e encontraram diferenças em seus pensamentos antes do adormecer. Os que sofrem de insônia vislumbravam menos cenários de qualquer tipo e tinham mais pensamentos sobre imagens desagradáveis, preocupações, barulho no ambiente, “relações íntimas” e coisas que fizeram durante o dia.

Conclusão

Não conte carneirinhos para pegar no sono. Em vez disso, tente imaginar cenas relaxantes.

© 2010 New York Times News Service

Famosos ajudam a combater estigma de doenças mentais, dizem médicos

Famosos ajudam a combater estigma de doenças mentais, dizem médicos



Cristina Almeida


 Ciência e Saúde



Um blog para mostrar que celebridades também sofrem de transtornos psiquiátricos. Essa é a novidade de um novo blog do site americano Psychcentral, considerado uma das mais respeitadas fontes online sobre o assunto pelo jornal The New York Times. Ao contrário do pode parecer, o novo endereço da web não pretende decifrar sintomas, nem explorar a vida privada dos artistas. O objetivo dos idealizadores é informar e, principalmente, educar a população para vencer o estigma das doenças mentais.

Segundo o fundador do blog Celebrity Psychings, o médico John M. Grohol, “quanto maior for o número de pessoas discutindo o tema, menores serão o estigma e as crenças equivocadas sobre esse tipo de doença”.

“Estigma é sinal de ignorância, e o apoio de pessoas famosas para superar esse tipo de barreira é um dever psicossocial”, afirma o psiquiatra e psicoterapeuta José Toufic Thomé, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria ( ABP) e presidente da Unidade Brasil da Rede Ibero-Americana de Eco-bioética – Cátedra Unesco de Bioética (São Paulo).

Celebridades nutrem os sonhos de fama e glória na população em geral. E sonhar com uma vida perfeita é considerado natural. Entretanto, diz Thomé, é preciso que as pessoas desenvolvam uma estratégia de autocrítica para entender que ser celebridade é representar um personagem. “Na intimidade, muitos levam uma vida sofrida. Para o público, seguem o roteiro que faz delas pessoas admiradas, desejadas, invejadas. E algumas precisam desse tipo de atenção para suprir o imenso vazio que sentem. O maior exemplo é Michael Jackson”.

Mito e realidade

Segundo o especialista, famosos já foram reconhecidamente identificados como personalidades narcísicas, isto é, indivíduos encantados pela própria imagem de perfeição. “Por isso, falar sobre dificuldades ou doenças pode quebrar o encanto do mito”. “O impulso narcísico é uma pulsão de morte”, explica o psiquiatra. “Não há vida quando crio um universo irreal para continuar a viver, tal é o nível do sofrimento que se tenta esconder. Então, calar sobre a realidade é a opção”.

Como é impossível exigir de uma celebridade que ela se apresente dando seu testemunho sobre assuntos relacionados à saúde mental, a decisão de revelar ao público os próprios problemas corresponderá ao nível de preparo e evolução de cada um.

“A disposição para se expor dessa maneira dependerá da sanidade ou insanidade com que a celebridade lida com o seu personagem. Pode até ser que ela use a oportunidade para dizer – eu também sou gente!”, comenta Thomé.

Mas se tiver coragem de falar abertamente, a celebridade se humaniza e presta um grande serviço à comunidade, além de se tornar um objeto de identificação mais forte. Quem vivencia um problema idêntico ou semelhante, imediatamente pensará que não é a única, e ainda pode se sentir estimulada a seguir em frente, porque seu artista preferido também o fez. Esse é um dos objetivos declarados do blog americano: fazer ver que todos são seres humanos, apesar da fama.

Ser frágil e forte

“Informar a existência da doença, declarar que necessita de ajuda é, muitas vezes, interpretado como fragilidade. Ser frágil, não significa ser fraco. Ao contrário. Ter a coragem de se assumir e falar claramente como as coisas estão é sinal de força. Isso funciona. O primeiro exemplo que me vem à cabeça é o ator Fábio Assunção”, fala Thomé.

“No caso das doenças mentais, é preciso que se saiba que ela é uma doença como outra qualquer. Qual a diferença entre ter que tomar insulina por toda a vida e tomar antidepressivos?”, conclui o psiquiatra.

'Overdose' de internet diminui capacidade de concentração dos adolescentes, diz documentário

'Overdose' de internet diminui capacidade de concentração dos adolescentes, diz documentário


Da RedaçãoEstudantes britânicos estão perdendo capacidade mental para assuntos acadêmicos, devido ao uso exagerado da internet para pesquisas, de acordo com o documentário inédito “The Virtual Revolution”, produzido pelo canal BBC2.
Excesso de uso da web faz adolescentes perderem capacidade de atenção, segundo especialistas

Especialistas no assunto apontam que o fato de os usuários navegarem por vários sites faz com que eles não se concentrem em um objeto de estudo, como por exemplo a leitura de um livro. As informações são do site britânico “Daily Mail”.


Esta nova forma de associar as idéias, que a internet proporciona, faz com que a maioria dos estudantes tenha dificuldades em disciplinas lineares como leitura e escrita.


Segundo psicólogos, em menos de três anos, milhares de adolescentes britânicos necessitarão de tratamento médico causado pelo uso excessivo da internet.


O documentário, produzido pela rede britânica, foi feito em parceria com o professor David Nicholas, da University College of London, que fez um estudo sobre o impacto da internet em nossos cérebros.




O estudo consistiu em fazer uma série de perguntas para serem respondidas no computador a 100 voluntários. Os mais jovens (com faixa etária entre 12 e 18 anos) responderam às perguntas consultando metade das páginas que pessoas mais velhas levaram para responder as mesmas perguntas.



Outra constatação do Profº Nicholas é que 40% dos jovens nunca revisitaram a mesma página da internet. Em contraposição, pessoas que nasceram antes da era da internet costumam consultar as mesmas fontes de pesquisa.




“A grande surpresa é que as pessoas acessam sites como se fossem paisagens virtuais. Ficam pulando de uma página para outra e ninguém fica por muito tempo”, concluiu o especialista.




O documentário “The Virtual Revolution – Homo Interneticus” será exibido na íntegra na BBC2, no dia 20 de fevereiro.

Link para assistir o documentário: http://www.viewtv.co.uk/onlinetelevision/bbc2

"Voltamos à estaca zero", diz soldado da ONU no Haiti

Alix Sainvil, que trabalhou na segurança de Cité Solei, região mais pobre do Haiti, mostra como está a situação no local e o dram das vítimas do terremoto do mês passado. Segundo ele, a tragédia pode provocar violência entre as gangues, trazendo a instabilidade de volta a esta área miserável.



A droga é umas das principais forças na vida política do Haiti

A droga é umas das principais forças na vida política do Haiti

The New York Times

Ben Fountain*
Em Dallas (EUA)
Em 1999 fiz uma pequena viagem da capital do Haiti, Porto Príncipe, até a charmosa e lânguida cidade de Kenscoff, a algumas horas de carro pelas montanhas. Eu já havia feito essa viagem antes, mas fazia alguns anos, e à medida que a estrada subia não pude evitar minha surpresa com o aumento do número de mansões que haviam tomado conta dos morros.
  • AP Mulher espera pela distribuição de comida em Porto Príncipe; o tráfico de drogas exerce uma influência fora de proporção em diversos setores da sociedade haitiana
Se antes a mesma estrada já havia oferecido vistas pacíficas de plantações em terraço, trechos de floresta, aglomerações de casinhas modestas, agora predominavam mansão atrás mansão, como se os McMansions dos subúrbios de Dallas tivessem sido transplantados para as montanhas de onde se avista Porto Príncipe. Será que descobriram petróleo no Haiti? À medida que cada curva revelava novas vistas da arquitetura pretensiosa, meu amigo haitiano no banco do passageiro balançava a cabeça, murmurando a mesma palavra o tempo todo:
Drogue. Drogas.
Desde o terremoto que devastou o Haiti, muita atenção tem sido dada, com razão, para a convergência de forças econômicas, políticas e culturais que deixaram o país tão vulnerável à essa catástrofe. Muitos olharam para o passado em busca de orientação, e as semanas recentes nos ofereceram análises honestas e com frequência perceptivas da história do Haiti, indo até suas origens coloniais brutais, seu orgulho, a guerra de independência impressionante e improvável, e continuando pelos 200 anos seguintes de governança sobretudo miserável, o catálogo deprimente de revoltas, golpes, traições e intervenções – normalmente auxiliado, senão promovido inteiramente, por potências estrangeiras – que esvaziaram o Haiti de boa parte de sua riqueza e esperança.
Mas se formos reconstruir o Haiti, ou não somente reconstruir, mas transformar, então o tráfico de drogas precisa ser reconhecido como o que de fato é: uma das principais forças – pode-se dizer, a força dominante – na vida política do país durante os últimos 25 anos.
Um relatório de 1993, escrito por John Kerry enquanto era presidente do Subcomitê de Terrorismo, Narcóticos e Operações Internacionais do Senado, afirmava que “há uma parceria feita no inferno, na cocaína e nos dólares entre os cartéis colombianos e os militares haitianos”. Na época, o Haiti estava no caminho para se tornar o principal ponto do Caribe de embarque da cocaína que ia da América do Sul para os Estados Unidos, e embora os atores individuais possam ter mudado desde aquela época, a parceria continuou a se fortalecer. Hoje, o tráfico de drogas é um negócio de um bilhão de dólares por ano no Haiti, gerando lucros tremendos num país onde a maioria das pessoas sobrevive com poucos dólares por dia.

ONU reforça segurança na distribuição de alimentos no Haiti






Em qualquer país, esse tipo de riqueza forneceria um amplo incentivo e meios para adquirir poder, mas no Haiti o tráfico de drogas exerce uma influência fora de proporção em outros setores da sociedade. A narrativa da política haitiana desde a queda do regime de Duvalier em 1986 acompanha de perto a ascensão do tráfico de drogas. À medida que o Haiti lutou para realizar eleições nos anos imediatamente seguintes a destituição do presidente Jean-Claude Duvalier, provas persuasivas apontaram para um envolvimento no tráfico de drogas do coronel Jean-Claude Paul e outros altos oficiais, uma facção dos militares haitianos que foi, talvez não coincidentemente, especialmente impiedosa em sua supressão do movimento democrático.
Os militares continuaram intimamente ligados ao tráfico de drogas durante o breve primeiro mandato de Jean-Bertrand Aristide como presidente, interrompido pelo golpe de 30 de setembro de 1991, e pouco mudou depois de sua saída. De fato, o chefe de polícia de Porto Príncipe, tenente coronel Joseph Michel François, emergiu como próximo homem-chave no tráfico de drogas do Haiti, comandando uma notória rede de soldados e paramilitares que, além de expandir o tráfico de drogas do país, deu andamento a um impiedoso programa de terrorismo político no qual milhares de haitianos foram assassinados.
Esses anos de intensa repressão coincidem com a ascensão do Haiti como o principal ponto de embarque de cocaína da região, posto que manteve até mesmo depois que o governo civil foi restaurado em 1994. Em 2000, cerca de 75 toneladas, ou 15 % da cocaína consumida anualmente nos Estados Unidos, passava pelo Haiti. A corrupção ligada às drogas e a violência se tornaram endêmicas durante o segundo mandato de Aristide como presidente, com muitas pessoas de seu círculo – incluindo o chefe de segurança do Palácio Nacional, o diretor da Polícia Nacional Haitiana, o chefe de uma unidade de investigações da Polícia Nacional, e o presidente do Senado haitiano – eventualmente cumprindo penas em prisões norte-americanas por violações às leis de narcóticos e de lavagem de dinheiro dos EUA.
Praticamente há duas décadas e meia, as tentativas do Haiti de estabelecer as instituições e normas da sociedade civil foram subvertidas ou esmagadas, com frequência com a atuação evidente do tráfico de drogas. O governo do presidente Rene Preval tomou passos mais largos do que qualquer outro governo anterior em direção a uma verdadeira reforma, mesmo assim o progresso até de 12 de janeiro foi tênue. A Polícia Nacional continuou sendo uma força fraca e incerta; o judiciário era disfuncional; os ministros do governo eram altamente politizados e corruptos; conceitos de transparência, direitos humanos e Estado de direito eram, na melhor das hipóteses, frágeis.
Agora, não falta debate sobre como melhor reconstruir o Haiti. Planejar melhor. Construir melhor. Pressionar por uma reforma institucional. Derramar muitos bilhões de dólares em ajuda internacional, com uma fiscalização maior, soluções mais firmes, maior envolvimento do público haitiano e dos setores privados. Uma escola de pensamento oposta diz que a ajuda deve ser totalmente cortada, forçando os haitianos a assumirem a responsabilidade sobre o destino de seu país; apenas a terapia de choque pode romper com o ciclo contínuo de dependência, disfunção e pobreza auto-imposta.
Para qualquer lado que você se incline, as chances são de que o poder e os lucros do tráfico de drogas condenarão sua prescrição à irrelevância. Sim, os norte-americanos mostraram uma tremenda generosidade para com o Haiti desde 12 de janeiro – mais de US$ 20 milhões em doações à Cruz Vermelha, US$ 57 milhões pelo telethon Hope for Haiti Now, que continua arrecadando, os aviões particulares congestionaram os aeroportos do sul da Flórida, esperando um lugar para pousar em Porto Príncipe. Esta é a parte da história que nos faz sentir bem.
Mas há a outra parte. Os Estados Unidos são o maior consumidor de cocaína do mundo, o que significa que há uma linha que liga o nosso vício estupendo pela droga às condições no Haiti, a todos esses anos de governança tóxica que estabeleceram o cenário para tanta destruição, tantos mortos e feridos.
Então chegamos a isso: o país mais rico do hemisfério e o mais pobre, a primeira república e a segunda, presos juntos na falha moderna mais gritante do Novo Mundo, a guerra contra as drogas. Seria ingênuo esperar que os norte-americanos larguem a cocaína a curto prazo pelo bem do Haiti. Mas seria igualmente ingênuo não reconhecer esse imenso obstáculo no caminho do Haiti, e o papel que tivemos em criá-lo. Nossas aspirações para o Haiti passam diretamente pelos nossos vícios.

*(Ben Fountain é autor da coleção de contos “Brief Encounters with Che Guevara” [“Breves Encontros com Che Guevara”.) 




 

Bolsa X Bactéria


Bolsa X Bactéria
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Você já parou para pensar onde sua bolsa vai durante o dia? A mulher transporta bolsas em todos os lugares, desde sanitários públicos inclusive no piso do carro. As bolsas abrigam bactérias e numa pesquisa feita no laboratório Nelson em Salt Lake (EEUU) a maioria das mulheres afirmaram que não param para pensar sobre o que está no fundo da bolsa mas admitem que sua bolsa pode estar suja. Colocam elas em carrinhos de compras na mercearia, chãos diversos e depois levam para a cozinha sobre mesas e balcões onde os alimentos são preparados. Muitas vezes as bolsas estacionam no colo sobre o vestido ou sobre o joelho. Acontece que as bolsas são tão surpreendentemente sujas, que até o microbiologista que as testou ficou chocado. O microbiologista Amy Karen de Nelson Labs diz que quase todas as bolsas testadas apresentaram muitas bactérias e que todas podem transmitir alguma bactéria ou algum tipo de doença.Por exemplo: Pseudomonas podem provocar infecções oculares, Staphylococcus aureus pode causar graves infecções cutâneas e outros tipos de infecções, as Salmonelas e a Escherichia coli encontrados nas bolsas podem transmitir infecções intestinais e deixar as pessoas muito doentes.Em uma amostragem, quatro das cinco bolsas testadas foi positivo para as Salmonelas e esse resultado não é o pior. 'Existe contaminação fecal na mão' diz Amy.Bolsas de couro ou de vinil tendem a ser mais limpas do que bolsas de pano por sua porosidade e o estilo de vida parece desempenhar um papel preponderante. As pessoas com filhos tendem a ter bolsas mais sujas do que aquelas sem filhos, com alguma exceção. Diz Amy que a bolsa de uma única mulher que freqüentava boates tinha uma das piores de todas as contaminações. "Alguns tipos de fezes, ou possivelmente vômito".Então a moral dessa história é que sua bolsa não vai te matar, mas tem o potencial de torná-la muito doente, principalmente se a mantiver em lugares onde você come. Use os ganchos para pendurar a sua bolsa em casa e nos banheiros e não coloque-as em sua mesa, mesa de um restaurante ou na pia de sua cozinha. Especialistas dizem que você deve comparar sua bolsa a um par de sapatos. "Se você pensar em colocar um par de sapatos na sua pia de cozinha, isso significa a mesma coisa que colocar a sua bolsa sobre ela."Por onde você anda e leva sua bolsa, algumas pessoas próximas podem espirrar, tossir e o chão pode ter sujeiras de coco, urina, larvas diversas entre outras porcarias. Você realmente deseja levar tudo isso para casa? Onde você guarda sua bolsa? Os microbiologistas do laboratório também disseram que uma limpeza no fundo das bolsas irá ajudar. Pense nisso...


Fonte: Blog Mundo Verde
Maria Célia Amorim

Estudo sobre a saúde de Hitler tenta esclarecer se o ditador era usuário de drogas

Estudo sobre a saúde de Hitler tenta esclarecer se o ditador era usuário de drogas

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Der Spiegel
 
Christoph Gunkel
 
Há uma miríade de teorias por aí sobre a saúde de Hitler. Algumas dizem que era viciado em drogas; outras, que era vítima de uma hipnose que deu errado. Depois, há estranhas hipóteses sobre sua genitália. Um novo livro, contudo, derruba tais ideias. Drogas e doenças tiveram pouco efeito sobre suas ações, concluem os autores. 
Para um assassino em massa, Adolf Hitler tinha um relacionamento totalmente paternal com seu médico pessoal. “Meu querido doutor, estou tão feliz em vê-lo esta manhã!”, dizia o ditador nazista ao seu médico, Theodor Morell, em quem confiava cegamente. De fato, Hitler estava convencido que Morell tinha salvado sua vida em diversas ocasiões. “Meu caro doutor!”, disse o déspota a Morell em novembro de 1944, “se nós sobrevivermos à guerra, você verá o quão generosamente vou recompensá-lo!”. 
Traudl Jung, secretário pessoal de Hitler durante a guerra, disse mais tarde que o ditador era “absurdamente viciado em Morell”. Ironicamente, contudo, o médico não tinha a melhor das famas. Quando Eva Braun, companheira de Hitler de longa data, reclamou da falta de higiene pessoal de Morell, Hitler defendeu fortemente seu médico, dizendo: “Morell não vem aqui para ser cheirado, mas para me manter saudável.” 
Contudo, o círculo íntimo de Hitler questionava precisamente a capacidade de Morell de tratar de seu paciente. O general Heinz Guderian, por exemplo, chamava Morell de “charlatão gordo e sem graça” e Hermann Göring, comandante da Luftwaffe viciado em morfina, referia-se ironicamente a Morell como “o mestre da seringa do Reich”. Havia também rumores persistentes que o médico tinha tornado Hitler dependente de certos remédios e drogas ilícitas. 
Mesmo após a guerra quase nenhum aspecto da vida privada de Hitler alimentou tanta especulação quanto seus males físicos. Gerações de historiadores, psicólogos, psiquiatras e detetives amadores procuraram descobrir as doenças reais e imaginadas de Hitler. Para eles, parece lógico que a ira irracional de um homem que determinou que milhões de judeus, romas e outros fossem assassinados resultava de uma mente doente. Para eles, era evidente que Hitler devia ter algum trauma, uma adição à droga ou até uma doença mental. 
Abundam teorias
Muitas teorias fáceis foram propostas logo após a guerra. Hitler seria homossexual ou esquizofrênico. Alguns achavam que ele sofrera por décadas as consequências de um tratamento de hipnose que deu errado. Seu pênis seria tão atrofiado quanto sua auto-estima, e o Führer teria apenas um testículo e tinha contraído sífilis. Havia alegações que ele estava em constantemente fora de si pelo uso de drogas ilícitas e que tomava pílulas abandonadamente. Isso significa que devemos entender Hitler como um viciado por excelência –e seu médico como seu principal fornecedor? 
Tais tentativas de explicar o comportamento de Hitler são perigosos, é claro. Se fosse descoberto que tinha algum problema mental, isso não significaria uma atenuação de sua responsabilidade pelas milhares de mortes que ordenou? O negador do Holocausto David Irving, por exemplo, alega que erros médicos induziram Hitler a “transes eufóricos”, sugerindo que o ditador era mais ou menos inconsciente de suas ações. 
Por outro lado, acadêmicos sérios fizeram perguntas válidas sobre a saúde de Hitler e, de fato, parte do mistério está na falta de fontes significativas de material disponível. Após a guerra, os arquivos médicos de Hitler desapareceram, e a únicas evidências que restaram foram notas tomadas por seu médico e os relatos de testemunhas. 
Agora, contudo, em seu novo livro “War Hitler Krank?” (Hitler era doente?), o historiador Henrik Eberle e Hans-Joachim Neumann, professor emérito de medicina no Hospital Universitário de Berlim Charité, combinaram o estudo dos documentos com uma análise médica moderna para separar o mito dos fatos verificáveis. O livro se propõe a oferecer nada além de “conclusões definitivas” sobre o estado de saúde de Hitler. Também revela alguns detalhes medonhos sobre o ditador. Por exemplo, diz que Hitler talvez tivesse obturações feitas com ouro dentário tirado das vítimas dos campos de concentração: seu dentista tinha mais de 50 kg do material em sua posse. 
Testosterona para Eva
Os dois autores listam meticulosamente todas as 82 medicações tomadas por Hitler no curso de seu governo que constam de documentos históricos. A lista mostra que Morell se dispunha a atender a cada desejo de seu paciente. Por exemplo, administrava rotineiramente uma solução de dextrose e vitaminas para ajudar Hitler a combater a fadiga. Como Hitler tinha suspeitas contra pílulas e cápsulas, a solução era injetada de forma intravenosa ou intramuscular. 
Em 1944, Morell começou a dar-lhe injeções de testosterona, particularmente quando Eva Braun estava presente. Eles também propõem que, antes de seu encontrar com Braun, Hitler ocasionalmente fazia Morell injetar-lhe um extrato derivado de vesículas seminais e glândulas prostáticas de jovens touros em seu sangue. 
As notas de Morell também revelam que o homem que se considerava o maior líder militar de todos os tempos sofria de vários temores e males comuns. Ele tinha pavor de ter câncer. Após ter literalmente gritado para ascender ao poder, ficava rouco constantemente e teve que remover pólipos de suas cordas vocais duas vezes. Ele tinha pressão alta e cólicas gastrointestinais crônicas e era relativamente delicado. Quando pegou um resfriado de seu barbeiro, ficou irado: “O homem estava resfriado há cinco dias e nem mesmo me contou!” 
Veneno de rato e “speed de Hitler” 
Os problemas de digestão de Hitler até o levaram a se tornar vegetariano: contrariamente ao que a máquina da propaganda nazista queria fazer crer, não era porque o ditador da Alemanha fosse amante dos animais. Da mesma forma, tomava quantidades gigantescas de uma droga para combater a flatulência que alguns de seus outros médicos até especularam que ele estava sendo envenenado. A droga continha pequenas quantidades de estricnina, que age nos nervos, e que há muito era usada como veneno de rato. 
Além disso, quando Hitler exibiu sintomas de icterícia no outono de 1944, um debate acalorado emergiu entre seus médicos, alimentado, sem dúvida, por um desejo de receber favores. Alguns até acusaram seu colega Morell de ter envenenado Hitler. Mas o ditador defendeu seu médico, chamou os detratores de Morell de “tolos” e até transferiu dois deles. 
Seria Hitler viciado?
Hoje, quase seis décadas e meia após a morte de Hitler, Eberle e Neumann tentaram responder a pergunta se o tratamento de Morell era, de fato, impróprio. Analisando a composição e a dosagem da droga que Morell administrava a Hitler, eliminaram a possibilidade de envenenamento. Eles concluíram que Morell estava provavelmente correto ao diagnosticar a hepatite de Hitler como tendo sido gerada por um bloqueio em torno do baço. 
Tais descobertas podem indicar que Morell de fato era um médico competente, não um “charlatão” ou um “Rasputin”, como foi acusado. Contudo, essa conclusão parece ser contradita pelo fato de Morell não ousar negar a Hitler seus desejos e dar-lhe grandes números de comprimidos, inclusive o estimulante Pervitin. Isso fez com que fosse acusado de viciar Hitler –nada implausível dado o fato que vários membros da elite nazista também eram viciados em drogas. Da mesma forma, os soldados alemães combatendo na frente de batalha consumiam grandes quantidades de Pervitin, e a droga até era acrescentada ao chocolate. Hoje, a substância é ingrediente da popular droga “crystal meth”, também conhecida pelo apelido de “speed do Hitler”. 
Ainda assim, as notas de Morell só se referem uma vez à administração de Pervitin a Hitler. Alguns gostariam de acreditar que as abreviações complicadas nas notas de Morell ou suas descrições de outras misturas inofensivas eram meramente para acobertar o uso de medicação contendo a droga. Mas Eberle e Neumann duvidam: “Não há indicação de que Hitler só conseguisse conduzir sua agenda diária porque estava tomando Pervitin”. Eles também observam que há pouca evidência que Hitler tivesse o hábito de cheirar cocaína, como alguns suspeitam. 
Mordido por um bode?
Eberle e Neumann também tentam desbancar outros mitos ressaltando que os documentos são poucos e contraditórios e levantam questões com base em análises médicas. Uma história, por exemplo, especula que os surtos de raiva de Hitler e sua megalomania eram meramente o resultado de um caso não tratado de meningite. Da mesma forma, Eberle e Neumann não puderam encontrar evidências que Hitler não tinha um testículo ou que seu pênis era deformado após ter sido mordido por um bode em sua juventude. 
Eles também negam como “absurda” a teoria do historiador Berhard Horstmann, que diz que a personalidade de Hitler foi drasticamente alterada em 1918 durante uma sessão de hipnose porque o terapeuta não consegui acordá-lo do transe. Quando era da infantaria na Primeira Guerra, Hitler ficou temporariamente cego após um ataque de gás mostarda. Ele recebeu terapia de hipnose em um hospital militar na cidade alemã de Pasewalk. 
Teóricos da conspiração que lêem o livro de Eberle e Neumann provavelmente ficarão desapontados pelas descobertas dos autores sobre as supostas doenças de Hitler. No final, concluem que Hitler tinha doença de Parkinson e que sua saúde em declínio era evidente nos últimos meses levando ao seu suicídio em abril de 1945. Ainda assim, eles escrevem: “Em nenhum momento Hitler sofreu de ilusões patológicas”. De fato, concluem que o déspota estava sempre consciente de suas ações: “Era plenamente responsável.” 
Conselho estranho
Independentemente das conclusões dos pesquisadores, as decisões de Hitler foram mesmo impulsivas, inexplicáveis e desdenhosas da vida humana até o fim. Eventualmente, até o “querido médico” de Hitler deve ter compreendido isso. Mesmo após as defesas da Alemanha terem desmoronado em todas as frentes e a guerra já estar perdida, o médico pessoal de Hitler, estoicamente, ainda tirava a pressão sanguínea de seu paciente e cuidava de suas cólicas estomacais e problemas digestivos no abrigo de Hitler em Berlim. Por fim, Hitler agradeceu a Morell de seu próprio jeito. No dia 21 de abril de 1945 ele liberou seu médico fiel do esconderijo e enviou-o com um estranho conselho: ele disse a Morell para voltar a sua prática em Kurfürstendamm. 
Enquanto isso, ali fora do abrigo, os últimos remanescentes das forças armadas alemãs estavam lutando contra o Exército Vermelho que avançava para o centro de Berlim, a capital do Terceiro Reich.