Câncer da Tireoide

Cristina Kirchner agradece apoio após anúncio de câncer

A presidente argentina, Cristina Kirchner, de 58 anos, agradeceu nesta quarta-feira o apoio recebido dos líderes dos demais países latino-americanos - inclusive de Dilma Rousseff - e dentro da própria Argentina, após o anúncio de que sofre de um câncer de tiroide, e afirmou que continuará trabalhando com "o maior dos compromissos".
"Vou continuar trabalhando com o maior dos compromissos e quero agradecer tudo o que possam fazer pela Argentina, por ela é a única coisa que peço", disse Kirchner em uma cerimônia com governadores na Casa Rosada (governo), na primeira aparição pública após o anúncio, na terça-feira, de que sofre com um câncer de tiroide, razão pela qual será operada em 4 de janeiro.
Ainda de luto, mais de um ano após a morte de seu marido e antecessor Néstor Kirchner, Cristina disse que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi o primeiro chefe de Estado a contatá-la após a divulgação da notícia.
Posteriormente, ela falou com Sebastián Piñera (Chile), com Dilma Roussef e com Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia.
A presidente Dilma Rousseff, que teve câncer no sistema linfático em 2009, ligou para a presidente argentina, nesta quarta-feira, para desejar força e boa sorte na operação.
Dilma Rousseff disse à presidente Kirchner que "tem certeza de que ela terá a força necessária para enfrentar esse momento difícil", informou um porta-voz da presidência brasileira à AFP.
"Imaginem que o primeiro que me telefonou foi Hugo Chávez. Disse a ele: 'Você e seu congresso superaram o câncer: vou brigar pela presidência honorária para você e para todos", disse Kirchner ao se referir aos presidentes da região que tiveram ou têm a doença, como o líder venezuelano, Dilma Rousseff e Fernando Lugo (Paraguai).
Segundo uma fonte da presidência chilena, Kirchner disse a Piñera em uma conversa telefônica que "o câncer é moderado e que espera ter uma boa recuperação em Calafate".
Kirchner chama a casa em Calafate de seu "lugar no mundo". Lá faleceu seu esposo e antecessor, Néstor Kirchner, em decorrência de um ataque cardíaco no dia 27 de outubro de 2010.
"O importante é que o vice-presidente pense o mesmo que o presidente e tome cuidado com o que faz", alertou, em tom de brincadeira, lembrando o vice-presidente de seu primeiro mandato (2007-2011), Julio Cobos, que em 2008 rejeitou, no Senado, um imposto à exportação agrícola, causando conflitos entre os empregadores do setor.
Cristina Kirchner anunciou que enquanto durar sua licença, até 24 de janeiro, seus funcionários não entrarão de férias, em pleno verão.
A cirurgia para retirar o câncer, que segundo os especialistas tem um prognóstico muito bom, será realizada menos de um mês após a presidente ter assumido seu segundo mandato (até 2015), depois de ser reeleita com 54,11% dos votos.
"As perspectivas são excelentes e não é esperado nenhum tipo de evolução posterior do tumor depois da operação", disse o oncologista Mario Bruno, membro da Associação Argentina de cancerologia, em declarações à televisão.
O diagnóstico foi precoce e com isso "a cirurgia permite a solução definitiva do problema", destacou, afirmando que "a paciente poderá ter uma vida normal posteriormente".
A operação será realizada pelo doutor Pedro Saco, chefe do Departamento de Cirurgia do Hospital Austral e chefe do Serviço de Cabeça e Pescoço do Instituto de Oncologia Dr. Angel H. Roffo da Universidade de Buenos Aires (estatal).

O que é Câncer da Tireoide?

O câncer da tireóide pode ser considerado o mais comum da região da cabeça e pescoço e é três vezes mais freqüente no sexo feminino. Nos EUA, a doença corresponde a 3% de todos os cânceres que atingem o sexo feminino. No Brasil correspondeu a 1,3% de todos os casos de câncer matriculados no INCA de 1994 a 1998, e a 6,4% de todos os cânceres da cabeça e pescoço.
Os carcinomas diferenciados são os mais freqüentes. Dentre eles existem o carcinoma papilífero, o carcinoma folicular e o carcinoma de células de Hürthle. Entre os carcinomas pouco diferenciados temos carcinomas medulares e os carcinomas indiferenciados. 

Sintomas de Câncer da Tireoide

A presença de um nódulo na tireóide, região anterior baixa do pescoço, normalmente não é indicação da presença de um câncer. Entretanto, a ocorrência de nódulo tireoidiano em pacientes com história de irradiação prévia do pescoço ou história familiar de câncer da tireóide, é mais suspeito. Da mesma forma, a presença de nódulo tireoidiano, associado à presença de linfonodomegalia cervical (gânglios linfáticos aumentados no pescoço) e/ou ao sintoma de rouquidão, pode ser indicação de um tumor maligno na tireóide. 

Tratamento de Câncer da Tireoide

O tratamento do câncer da tireóide é cirúrgico. A tireoidectomia total ou parcial (em casos indicados) é o tratamento de escolha.
O tratamento dos carcinomas bem diferenciados (carcinoma papilífero e carcinoma folicular) depende dos fatores de risco, que indicarão a extensão da cirurgia e a necessidade da complementação terapêutica com o iodo radioativo. Já os outros tumores malignos da tireóide, deverão ser tratados com a tireoidectomia total.
Em casos de tumores que apresentem disseminação para gânglios linfáticos cervicais, o tratamento do tumor primário deve ser associado ao esvaziamento cervical seletivo (retirada dos gânglios linfáticos relacionados). A complementação terapêutica com o iodo radioativo deve ser sempre utilizada em pacientes com carcinomas bem diferenciados, considerados de alto risco e submetidos a tireoidectomia total.


O poder das emoções positivas para a saúde física e mental Neurociência confirma que nutrir bons sentimentos faz bem

O poder das emoções positivas para a saúde física e mental

Neurociência confirma que nutrir bons sentimentos faz bem

Lilian Fernandes
 
RIO — Generosidade, solidariedade, gratidão pelo que foi conquistado, alegria por estar perto da família e dos amigos. Da próxima vez em que você for aconselhado a preservar, o ano inteiro, os sentimentos que afloram na época do Natal, procure seguir o conselho. Pesquisas vêm comprovando que emoções positivas fazem bem à saúde física e mental. E, depois da psicologia, é a neurociência que busca entender como isto acontece. O caminho, que já levava aos neurotransmissores serotonina e dopamina, agora aponta para uma nova estrela: o hormônio oxitocina, que também atua como neutransmissor.
— Os cientistas começam a se voltar para estas questões neuropsicológicas e a se interessar pelas vias relacionadas ao bem-estar, importantes para que, num futuro próximo, seja possível desenvolver novas drogas que melhorem a vida das pessoas — diz a cientista Denise Pires de Carvalho, professora titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ, e especialista na fisiologia do sistema endocrinológico. — Novas técnicas, como a ressonância magnética nuclear funcional, estão nos ajudando a estudar áreas do cérebro ligadas às emoções.
Um artigo publicado pela Universidade de Harvard cita diversos estudos ligando explosões de fúria recorrentes à atividade anormal da serotonina, responsável pela sensação de prazer. E pesquisas recentes relacionam sentimentos positivos à maior produção de oxitocina, também conhecida como o hormônio do amor e liberada em grandes quantidades nas relações sexuais e durante o parto e a amamentação. Em outra frente, um trabalho divulgado este mês pela Universidade da Concordia, no Canadá, constatou que a oxitocina torna a pessoa mais confiante. Sabe-se ainda que ela pode ser a encarregada de ativar o sistema de recompensa do corpo, estimulando a produção de dopamina, atrelada à sensação de motivação, e diminuindo o nível de estresse. A serotonina regularia todo este mecanismo. O resultado final da equação bons sentimentos mais produção de neurotransmissores ligados ao bem-estar é um indivíduo mais feliz e menos propenso a doenças como depressão e problemas cardiovasculares.
Na UFRJ, a bióloga Rafaela Campagnoli, doutora em neurofisiologia, acaba de concluir o trabalho "Interação social: modulação neural e comportamental por estímulos pro-sociais", sobre como o cérebro processa imagens de interações sociais positivas. Na pesquisa, um grupo formado por 36 universitários saudáveis, e que não tomavam remédios capazes de afetar o sistema nervoso central, observou 60 fotos, sendo 30 de adultos e crianças interagindo e 30 de pessoas alheias umas às outras, embora estivessem próximas. Enquanto o faziam, suas reações eram medidas por eletroencefalograma e eletromiograma (teste que mede a atividade elétrica dos músculos).
— É fato que os cérebros dos voluntários reagiram diferentemente às imagens de cada grupo. Diante das fotografias com interações sociais positivas, ocorreu aumento da atividade elétrica do cérebro, relacionada às emoções, e do músculo do sorriso espontâneo. Isso quer dizer que elas impactaram mais os voluntários, foram mais relevantes emocionalmente — explica Rafaela.
Enquanto a ciência busca documentar que emoções positivas são sinônimo de mais saúde, o senso comum já tem esta convicção há muito tempo. Pessoas como a dona de casa Ana Lúcia Fraga de 54 anos, que há 11 anos se veste de Papai Noel para alegrar e presentear as crianças da creche Novo Palmares, em Vargem Pequena, dizem se sentir bem ao fazer uma boa ação.
— É sempre uma emoção muito grande, uma energia muito boa. Gosto de ir à creche, ver as crianças brincando, conversar com a presidente da associação local — conta Ana Lúcia. — Continuarei fazendo este trabalho enquanto estiver viva.
Gilberto Ururahy, diretor-médico da Med Rio Check Up, especializado em medicina preventiva, está prestes a lançar um trabalho intitulado “Emoções e doenças", baseado no que observa na clínica, que já realizou 60 mil check ups. Para ele, não há dúvidas de que quem encontra mais motivos para experimentar sensações positivas em sua rotina goza de melhor saúde.
— A prática demonstra isso: um quadro de emoções negativas conduz a depressão e outros males — diz ele. — Um dos grandes avanços da psiquiatria foi identificar que o cortisol (hormônio relacionado ao estresse) elevado e crônico é um caminho natural para a morte. Por outro lado, a emoção positiva é a mola da vida.
Estudos americanos, a maioria feitos por psicólogos, comprovam a relação de sentimentos como gratidão, reconhecimento e satisfação com o que se tem à maior sensação de bem-estar. A budista americana Carolyn Pasternak, que esteve no Brasil para ministrar cursos no Instituto Nyingma, também afirma que uma atitude positiva, inclusive para consigo mesmo, é a chave da saúde.
— Costumamos tentar encontrar a felicidade nas coisas que temos ou podemos ter, nas outras pessoas, em livros. Mas parece que algo continua faltando. É porque procuramos nos lugares errados; temos que aprender a olhar para dentro de nós — diz Carolyn.

OS QUE FRACASSAM AO TRIUNFAR

OS QUE FRACASSAM AO TRIUNFAR
THEODIANO BASTOS

 



O ex-diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional) Dominique Strauss-Kahn é um caso típico de quem fracassa ao triunfar. Indiciado por crimes sexuais contra uma obscura camareira africana em Nova York, a suposta vítima.
Liberado da prisão Rikers Island, em Nova York, Strauss-Kahn conseguiu liberdade condicional na em troca do pagamento de US$ 1 milhão em dinheiro e uma caução de US$ 5 milhões. Além disso, ele será monitorado 24 horas com uma tornozeleira eletrônica e deverá entregar seu passaporte e todos os documentos de viagem, ficando sob prisão domiciliar em Manhattan. “do ponto de vista midiático e político, Strauss-Kahn já foi julgado. E duramente condenado, impiedosamente”.

“Ao chegar ao cume do sucesso, como acontece com tantos, não suportou: não tinha nascido para ser feliz. Então começou a se destruir correndo atrás das vozes mais sombrias”, disse Lia Luft no seu belo artigo em Veja 03/05/06.

Freud no ensaio "Os arruinados pelo êxito", revela as causas psicológicas que levam uma pessoa a fracassar quando atinge o que sempre almejou na vida, pelo qual lutou a vida inteira. Por quê? “O trabalho psicanalítico ensina que as forças da consciência tornam enfermos certos indivíduos por causa do êxito, do mesmo modo que geralmente outros se enfermam por causa da privação, se encontram intimamente ligadas ao complexo de Édipo, à relação do indivíduo com seu pai e mãe, fonte também de nosso sentimento de culpa”. Pessimista, Freud não credita na capacidade humana de melhorar: “o homem envelhece, mas sua neurose não muda, antes se agrava”. Mas Karen Horney é otimista: “Os males que a mente causa, a mente cura”.
Mas é o ódio e o desprezo por si mesmo a causa das tragédias: você não merece ser feliz, soa a voz do demônio interno, o lado sombrio, o segundo eu que deseja a própria destruição. É a auto-punição. São pessoas que se mostram incapazes de desfrutar deste êxito por causa da angústia na qual suas constantes atuações autodestrutivas o submergem, colocando em risco sua vida e traumaticamente fazendo com que tenham contato com a possibilidade da morte.
É que o lugar da frustração externa é assumido por uma frustração interna. O sofredor não se permite a felicidade: a frustração interna ordena-lhe que se aferre à frustração externa. Porque será que isso ocorre?
“Examinando o ódio a si próprio e a sua assoladora força, não podemos deixar de ver nele uma grande tragédia. Talvez, mesmo, a maior tragédia da mente humana. O homem, tentando alcançar o Infinito e o Absoluto, começa a destruir-se. Quando faz um pacto com o diabo, que lhe promete glórias, tem de ir para o inferno – o inferno que tem dentro de si mesmo”, diz Karen Horney.

José Nazar, psiquiatra e psicanalista carioca em seu artigo “Por quem morrem os filhos? “ (A Gazeta 11/08/06 p.3), diz: “Jovens vêm interrompendo suas vidas sem nenhuma razão aparente. Tudo é muito incompreensível e absurdo. Filhos estão morrendo antes dos pais. Por que esse desejo tão forte de morrer,? O que é esse gesto insólito de interrupção de uma vida? É um movimento de desespero que leva alguém a fazer mal contra si mesmo a despeito de seu querer consciente. Ninguém interrompe uma vida porque quer a não ser por um voto de morte inconsciente que é ignorado por ele mesmo. Ele pode estar bem nas suas aparências, mas estar se acabando dentro dele mesmo. É uma lógica estranha e paradoxal por onde temos uma agressividade mal utilizada contra si mesmo e contra aqueles que o amam. São momentos de tremenda angústia e fragilidade para o sujeito, momentos em que ele não vê outra saída a não ser acabar com a própria vida.
As pesquisas psicanalíticas demonstram que, ao interromper prematuramente sua vida, o sujeito mata um outro dentro de si. Ele acaba indo junto sem querer. Quase sempre é alguém que ele ama muito em conflito. Trata-se de um gesto agressivo contra esse objeto de amor ambivalente que reside dentro dele. De que lugar da sua subjetividade se promove tamanha loucura? finaliza o Dr. José Nazar em seu profundo ensaio. O íntimo menosprezo que sinto por mim mesmo aumenta minha autocrítica. Quando a gente percebe a falta de sentido na vida, nota que não objetiva nenhum progresso. A vida nasce com a morte ligada a ela.


Freud nos responde dizendo que: uma das explicações para esse fato é que tais pessoas encontram mais satisfação na fantasia do que na realização do desejo. Assim, enquanto sonham, planejam, desejam, aspiram alguma realização, elas se mantêm afastadas de um conflito. Porém, quando a realidade aproxima a realização do desejo, surge uma série de fenômenos para defender sua fantasia. É uma forma também de manter o desejo em estado de insatisfação.