LIDERANÇA, LIDERES E LIDERADOS
Jayr Figueiredo Oliveira
Esta obra relata a dimensão da liderança nas organizações e suas origens, as pesquisas realizadas sobre o tema, seus efeitos no dia a dia da sociedade em geral, o comportamento humano e a visão dos líderes quanto a deixarem um legado. Os líderes agem pela inteligência e sabendo-se que a liderança e a autoridade andam juntas, o líder não deve exercer uma gestão à base do poder abusivo e inconseqüente. As mudanças ocorrem numa dinâmica incalculável e de forma sistêmica; e a sociedade luta para tentar acompanhar estas mudanças. A meta é desenvolver as competências e habilidades, mas não há escolas que comprovem cientificamente que são capazes de formarem líderes.
Sociólogos, filósofos, historiadores, entre outros já anteviam essas transformações culturais, e o fator positivo na globalização é adaptar-se à liderança capitalista, social e política que vivemos. Após inúmeras pesquisas sobre o assunto o autor pressupõe que os termos poder, espiritualidade e dependência estão interligadas, não podendo ser analisadas em separado. O momento é negativo, pois, precisamos de líderes com visão ética e esta ausência tem gerado uma crise na liderança. Que tipo de líder precisamos? Líderes humildes ou bem dotados de poderes?
Os gestores precisam entender que o poder é finito e há três instrumentos para o exercício do poder: a) O poder condigno, b) O poder compensatório, c) O poder condicionado. O que está sendo reconhecido nesta obra é que todos têm pontos fortes e fracos e ressaltando ainda que só haverá competência quando o conhecimento, habilidades e atitudes estiverem interagindo nas experiências das pessoas. As habilidades, a saber, são: observar, escutar, falar, envolver, entre outras. As competências por sua vez são dividas em dois tipos; práticas e atributos, podendo ainda receber mais um modelo, o de Liderança típica. O líder é a fonte de ensino para os colaboradores e para isso a boa comunicação é essencial.
Alguns fatores afetam negativamente na comunicação, tais como os níveis hierárquicos, a falta de renovação, narcisismo do líder e o foco no processo. Novos paradigmas devem ser implantados nas organizações, ouvir sem julgar, ser autêntico, construir comunidade, partilhar poder e desenvolver pessoas. Toda decisão da organização é baseada nos resultados e desempenho que a equipe apresenta. Os executivos não podem ser meros espectadores da transformação empresarial. Tornar-se chefe é difícil, tornar-se líder nem se fala. Estar atento às mudanças é muito importante para se criar o estereótipo de líder de sucesso sustentável, que vem a ser um tema recente, mas crescente na mídia mundial. Neste novo desafio os líderes devem lembrar que não estão sozinhos e devem preparar sucessores para assumirem as responsabilidades. Precisamos de líderes preparados para lidarem com este novo cenário.
Com base no conhecimento que não aprendemos todos os ensinamentos de uma hora para outra, aconselho que este livro seja utilizado, lido e relido por quantas vezes se fizerem necessárias para sua maior compreensão e aplicação diária dos fundamentos ministrados, para que assim possa proporcionar o fortalecimento cultural e organizacional, o detalhamento das bases referenciais e estruturação da liderança que produz e agrega.
Há uma afirmação no livro que me chamou muito a atenção, é quando o autor escreve que "... dificilmente haverá competência suficiente em uma liderança que conscientemente planeja ou decide ser menor do que é capaz de ser. E, para descobrir o que é capaz de ser, um líder precisa saber o seu potencial, seu preparo para liderar mudanças na sociedade e nas organizações."
A impressão que a grande maioria dos líderes passa para a equipe e terceiros é que eles se consideram preparados para tomadas de decisões, mais o que se vê, é muita prepotência, autoritarismo, uma falta marcante de flexibilidade e uma auto-estima muito elevada; profissionais focados nos salários e não no compromisso e responsabilidades e sem o poder de tomada de decisão, estas que provavelmente poderiam fazer com que eles perpetuassem em seus cargos.
Outro trecho do livro ressalta a dificuldade do líder atual, ou seja, por inocência, medo de perder o domínio da situação ou até mesmo por não sentir-se capaz de gerenciar um diálogo com seus subordinados, é quando se lê "....Por mais que você acredite que tenha algo a dizer ou a ensinar a alguém, nunca conseguirá fazer com que suas palavras atinjam esse propósito se não houver empatia entre você e seu interlocutor. E, muitas vezes, ao deixar o outro falar, você pode acabar percebendo que não há nada a ensinar ou aconselhar."
Há um excesso de monólogos organizacionais, gestores que acreditam friamente de que quem fala mais tem mais poder, mesmo que seja sem propriedade ou conteúdo construtivo para a equipe. O pensamento de que: "sou líder porque sou sabedor dos afazeres e conhecedor das fórmulas e métodos eficientes para obter os resultados esperados"; esta postura inibe a participação da equipe, afasta os colaboradores do propósito em comum e engessa o processo criativo e inovador que tanto as empresa almejam.
"Um gerente/líder nada mais é que um mediador que, deve buscar propiciar o crescimento do ser humano (seu e dos outros) no trabalho, dando-lhe condições de se tornar um ser que tenha autonomia para desenvolver suas habilidades, potencialidades e capacidades."
O mercado competitivo faz com que os gestores se fechem guardando para si o conhecimento, os novos processos e procedimentos, enfim, obstruem a passagem da gestão do conhecimento sufocando o desenvolvimento (amadurecimento) da equipe. Este mal pode se tornar um vício e acompanhá-lo em outras áreas, como social e familiar. O termo internalizar parece não fazer parte da cultura de alguns líderes.
O avanço tecnológico, a era da informação, a gestão do conhecimento, a sustentabilidade, a globalização, entre outros, são temas em evidência no âmbito administrativo, mais nenhum vêm tanto de encontro com as necessidades humanas como a liderança, isto porque, ela faz parte do dia a dia das pessoas em geral. O tema Liderança, Líderes e Liderados induz o leitor a refletir os princípios que movem esta prática, propiciando uma análise realista ao colocar-nos em uma destas posições. É impossível ter um bom desempenho como líder sem conhecer as bases que formam a liderança, os conceitos e definições.
Assim como também há a necessidade de sermos empáticos para classificarmos o grau de aceitação do líder perante os liderados, conhecer os limites do ser humano, vislumbrar alcançar a satisfação da equipe quanto a sua gestão também é muito importante. O fato de ser líder, mesmo não tendo sido liderado, sem a experiência e a vivência profissional e psicológica, traz resultados negativos para as organizações. Estamos tratando de um assunto interminável, mais tangível. A utopia da liberdade é surreal.
Somos dependentes de orientação e direcionamento em vários campos da vida em grupo ou individual, e cabe aos gestores se dedicarem ao entendimento quanto ao valor de ser um líder. Uma pessoa responsável diretamente por moldar e influenciar outras, trazer a tona os pontos fortes e os pontos fracos do trabalho em equipe ou grupo, propondo a prestação de um serviço, servidor e idealizador de legados. Somos a sombra uns dos outros, mas só nos identificamos com a presença da luz, e o líder é esta luz.
Sou pró César Souza, presidente da Empreenda, consultor, palestrante e escritor; quando o mesmo afirma no livro 'Pensamento Estratégico para Líderes de Hoje e Amanhã' que "... Não vivemos apenas uma época de mudanças, vivemos uma mudança de época...". Os paradigmas serão superados automaticamente, os líderes estão sendo preparados com uma filosofia ultrapassada que não condiz com a realidade do mercado, exigente de competências e habilidades, qualidades e quantidades necessárias para fortalecer a imagem das empresas junto aos seus clientes. O pior ainda é que esta distância estende-se para as famílias onde pais e filhos estão cada vez mais distantes.
Laurence J. Peter & Raymond Hull no livro 'Todo Mundo é Incompetente Inclusive Você' traz em questão o tema Pistolão e Promoção, definindo pistolão como sendo o relacionamento direto ou indireto do subordinado com os gestores a ponto de assim conquistarem a sua promoção, sem avaliação por competências, habilidades e conhecimentos específicos da área de trabalho. Isso gera profissionais de liderança totalmente despreparados e sustentados pelos alicerces da incompetência dos seus superiores ( padrinhos ) que visam o autoritarismo, a amizade e o grau de parentesco. Essa escolha sem critérios profissionais tornam o clima organizacional tenso e não produz o desenvolvimento dos líderes.
A obra Liderança, Líderes e Liderados traz a tona questões relevantes da cultura e formação dos gestores de hoje e de amanhã, com textos de fácil compreensão. Embora seja um livro voltado à área técnica, ele abrange leitores de todos os estilos e interesses. Por alguns momentos reforçamos a idéia de que o líder nasce pronto, ou seja, ou você é um líder ou não. Não se aprende a ser líder em cursos, palestras ou outros meios de comunicação e disseminação de conteúdos e informações, a liderança se faz através do conhecimento, experiências e principalmente de vivências do líder, os fatos se dão de maneiras parecidas, mais o estado psicológico varia de um dia para o outro, fazendo com que toda e qualquer fórmula, procedimentos e estratégias de administração de conflitospossa vir a ser negligenciadas.
Somos infelizes em aceitar o conceito de que o ser humano é repetitivo, os colaboradores fazem as mesmas exigências, esse livro nos mostra de forma clara e sistêmica que o caminho é o desenvolvimento, a disciplina, a motivação, a empatia e o saber o que se deseja no âmbito profissional e pessoal. Para desempenharmos um trabalho satisfatório dentro das organizações ética como precursor do sucesso.
Posso declarar que a grande tendência do mercado de trabalho é a inovação na formação dos líderes. A longevidade e a sustentabilidade organizacional dependem em demasia de novos conceitos, gestores com senso crítico focado na melhoria do desempenho pessoal, para que a sociedade como um todo passe a depositar mais confiança nos gestores, sejam eles políticos, comunitários, sociais ou empresários. No contexto mundial inumeros gestores obitiveram sucesso, passando a serem lembrados por todos em cursos, palestras, Universidades, etc... O foco de um líder de sucesso é o comprometimento e o trabalho solidário, este sim proporciona um ambiente sadio, amigável e transparente. Não podemos ser sempre empresa e nem sermos sempre colaboradores, a sabedoria é e sempre será o ato de saber dosar e mesclar de forma produtiva gerando resultados e motivação entre as partes.
Assista entrevista com autor: CBN
De Jayr Figueiredo de Oliveira, 1ª edição, 2009,
São Paulo, 158 páginas.
R$38,00